segunda-feira, 13 de julho de 2009

O gigôlo das palavras

O gigolô das palavrasQuatro ou cinco grupos diferentes de alunos do Farroupilha estiveram lá em casa numa mesma missão, designada porseu professor de Português: saber se eu considerava o estudo da Gramática indispensável para aprender e usar a nossaou qualquer outra língua. Cada grupo portava seu gravador cassete, certamente o instrumento vital da pedagogiamoderna, e andava arrecadando opiniões. Suspeitei de saída que o tal professor lia esta coluna, se descabelavadiariamente com suas afrontas às leis da língua, e aproveitava aquela oportunidade para me desmascarar. Já estava atépreparando, às pressas, minha defesa ("Culpa da revisão! Culpa da revisão !"). Mas os alunos desfizeram o equívocoantes que ele se criasse. Eles mesmos tinham escolhido os nomes a serem entrevistados. Vocês têm certeza que nãopegaram o Veríssimo errado? Não. Então vamos em frente.Respondi que a linguagem, qualquer linguagem, é um meio de comunicação e que deve ser julgada exclusivamentecomo tal. Respeitadas algumas regras básicas da Gramática, para evitar os vexames mais gritantes, as outras sãodispensáveis. A sintaxe é uma questão de uso, não de princípios. Escrever bem é escrever claro, não necessariamentecerto. Por exemplo: dizer "escrever claro" não é certo mas é claro, certo? O importante é comunicar. (E quando possívelsurpreender, iluminar, divertir, mover... Mas aí entramos na área do talento, que também não tem nada a ver comGramática.) A Gramática é o esqueleto da língua. Só predomina nas línguas mortas, e aí é de interesse restrito anecrólogos e professores de Latim, gente em geral pouco comunicativa. Aquela sombria gravidade que a gente notanas fotografias em grupo dos membros da Academia Brasileira de Letras é de reprovação pelo Português ainda estarvivo. Eles só estão esperando, fardados, que o Português morra para poderem carregar o caixão e escrever sua autópsiadefinitiva. É o esqueleto que nos traz de pé, certo, mas ele não informa nada, como a Gramática é a estrutura da línguamas sozinha não diz nada, não tem futuro. As múmias conversam entre si em Gramática pura.Claro que eu não disse isso tudo para meus entrevistadores. E adverti que minha implicância com a Gramática na certase devia à minha pouca intimidade com ela. Sempre fui péssimo em Português. Mas - isso eu disse – vejam vocês, aintimidade com a Gramática é tão indispensável que eu ganho a vida escrevendo, apesar da minha total inocência namatéria. Sou um gigolô das palavras. Vivo às suas custas. E tenho com elas exemplar conduta de um cáften profissional.Abuso delas. Só uso as que eu conheço, as desconhecidas são perigosas e potencialmente traiçoeiras. Exijo submissão.Não raro, peço delas flexões inomináveis para satisfazer um gosto passageiro. Maltrato-as, sem dúvida. E jamais medeixo dominar por elas. Não me meto na sua vida particular. Não me interessa seu passado, suas origens, sua famílianem o que outros já fizeram com elas. Se bem que não tenho o mínimo escrúpulo em roubá-las de outro, quando achoque vou ganhar com isto. As palavras, afinal, vivem na boca do povo. São faladíssimas. Algumas são de baixíssimo calão.Não merecem o mínimo respeito.Um escritor que passasse a respeitar a intimidade gramatical das suas palavras seria tão ineficiente quanto um gigolôque se apaixonasse pelo seu plantel. Acabaria tratando-as com a deferência de um namorado ou a tediosa formalidadede um marido. A palavra seria a sua patroa! Com que cuidados, com que temores e obséquios ele consentiria em saircom elas em público, alvo da impiedosa atenção dos lexicógrafos, etimologistas e colegas. Acabaria impotente, incapazde uma conjunção. A Gramática precisa apanhar todos os dias pra saber quem é que manda.VERÍSSIMO, Luis Fernando. Mais comédias para Ler na Escola. São Paulo: Objetiva, 2008.

2º Encontro do Gestar ll

O segundo encontro do Programa Gestar II de Língua Portuguesa, aconteceu no dia 11/07/09 , o mesmo ocorreu na sede da Escola Municipal Juarez Rabelo e contou com a participação de sete professores. Inicialmente conversamos e debatemos acerca de algumas dúvidas e anseios sobre o Programa Gestar ll. Posteriormente trabalhamos as unidades 9 e 10 do TP3 e abrimos um espaço para a discussão sobre o estudo realizado. Paramos para o lanche de 15 min.
Retornamos do intervalo e assistimos o vídeo "A velhinha", de Chico Anysio, em seguida fizemos uma reflexão/discussão sobre o papel do professor na realidade atual. Encerramos esse encontro com o delicioso vídeo "Saber e o sabor", o qual nos ajudou a repensarmos na nossa prática docente e ao mesmo tempo a sentirmos o desejo de instigar os nossos alunos a descobrirem esse novo "sabor" nas aulas,enfim nos estudos. Finalmente foi proposto o dever de casa: avançando na prática das unidades 9, 10 ou dos AAA3. Até o próximo encontro que ocorrerá dia 25/07/09.